Dia
dois de setembro foi o dia
Do
adeus de João Paraibano
Que
levou do torrão pernambucano
Quase
um terço da nossa poesia
Vi
que a boca de João jamais diria
O
que disse nos grandes festivais
Vi
lançado nas páginas dos jornais
Acabou-se
o patrono do repente
O
poeta calou-se eternamente
E
a viola de João não toca mais
Uma
moto que vem desgovernada
Eu
não sei se a história está correta
Atropela
fatal o nosso poeta
Quando
a vida do mesmo foi ceifada
Sua
parte frontal foi fraturada
Conduzido
de pressa aos hospitais
No
início do mês tornou-se jaz
Sem
ter crime foi réu este inocente
O
poeta calou-se eternamente
E
a viola de João não toca mais.
A
viola de João ficou calada
Lamentando
do mesmo a sua perda
Até
mesmo porque a mão esquerda
Que
tocava se encontra sepultada
No
recanto do quarto pendurada
Recebendo
poeira dos frechais
O
que João fez com ela ninguém faz
Violão
de canhoto é diferente
O
poeta calou-se eternamente
E
a viola de João não toca mais.