quinta-feira, 18 de setembro de 2014

POESIA ILUTADA

Dia dois de setembro foi o dia
Do adeus de João Paraibano
Que levou do torrão pernambucano
Quase um terço da nossa poesia
Vi que a boca de João jamais diria
O que disse nos grandes festivais
Vi lançado nas páginas dos jornais
Acabou-se o patrono do repente
O poeta calou-se eternamente
E a viola de João não toca mais

Uma moto que vem desgovernada
Eu não sei se a história está correta
Atropela fatal o nosso poeta
Quando a vida do mesmo foi ceifada
Sua parte frontal foi fraturada
Conduzido de pressa aos hospitais
No início do mês tornou-se jaz
Sem ter crime foi réu este inocente
O poeta calou-se eternamente
E a viola de João não toca mais.

A viola de João ficou calada
Lamentando do mesmo a sua perda
Até mesmo porque a mão esquerda
Que tocava se encontra sepultada
No recanto do quarto pendurada
Recebendo poeira dos frechais
O que João fez com ela ninguém faz
Violão de canhoto é diferente
O poeta calou-se eternamente

E a viola de João não toca mais.

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