terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Não sou manso, sou educado

A mulher que me casei é tão bonita
que por ela me sinto apaixonado
um mês junto e outro separado
acontece comigo e a maldita
todo mundo que passa lhe palpita
quando ela se senta na calçada
sai dez horas e vem de madrugada
toda cheia de talo de capim
quanto mais ela bota ponta em mim
mas eu sinto paixão pela danada.

Sete horas  da noite ela se troca
sai pra rua banhada de perfume
e eu fico morrendo de ciúme
todo canto chego tem fofoca
quase toda calçada uma maloca
e só olham pra mim dando risada
eu escuto, mais finjo não ver nada
tudo quanto eu fizer ainda sou ruim
quanto mais ela bota ponta em mim
mas eu sinto paixão pela danada.


Com dezoito de idade eu arrumei
uma baita garota de menina
mas não meço com trena pequenina
o tamanho das pontas que levei
arrumou um namoro com um gay
saia curta, batom, unha pintada
quando volta pra casa é enfadada
no cabelo formiga de cupim
quanto mais ela bota ponta em mim
mas eu sinto paixão pela danada.

Toda noite de festa se prepara
quando o dia amanhece é que ela chega
com um cheiro de borra de manteiga
e com marca de unha pela cara
arranhada da ponta de uma vara
e a blusa também toda manchada
se eu for reclamar fica zangada
é o jeito que tem viver assim
quanto mais ela bota ponta em mim
mas eu sinto paixão pela danada.

Toda noite na porta chega um carro
atrapalhando meu sono com a buzina
ela sai parecendo uma menina
um isqueiro e um maço de cigarro
na batata da perna só tem barro
quando ela retorna da parada
não viu alma mas vem arrepiada
e com cheiro de bafo de saguim
quanto mais ela bota ponta em mim
mas eu sinto paixão pela danada.

Lucas Correia de Almeida, 27.12.11

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